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quinta-feira, 1 de julho de 2010

As ferramentas de aumento de produtividade criadas nos últimos vinte anos, como a gestão da qualidade total, gestão de processos e a reengenharia, entre outras, levaram as empresas a obter desenvolvimento significativo na qualidade dos produtos e serviços, pondo fim a erros e falhas de informação. Além disso, os custos foram drasticamente reduzidos, atividades supérfluas foram eliminadas e processos foram inteiramente reformulados, criando empresas mais eficientes. No entanto, existem processos vitais para o desempenho empresarial que demandam interações com outras entidades externas, como empresas e instituições, e é na dinamização e otimização desses processos que novas fontes de vantagem competitiva se apresentam. A dinamização de processos compartilhados exige das empresas um novo enfoque de negócios, por meio do trabalho íntimo com seus parceiros na busca de objetivos comuns. Fica cada vez mais evidente que a competitividade das empresas passa a incorporar mais elementos do ambiente, notadamente as relações com instituições, governos, fornecedores, clientes e distribuidores. O enfoque sistêmico está direcionando cada dia mais os estudos relacionados aos problemas dos negócios. Na perspectiva sistêmica, a competitividade empresarial exige tanto eficiência interna quanto eficiência interorganizacional. Assim, é preciso se associar competitividade a uma organização interna eficiente e aos sistemas de comunicação e coordenação de atividades interfirmas numa cadeia de produção industrial. Dentro dessa perspectiva sistêmica, a capacidade de criar relacionamentos consistentes em um processo de “coordenação” da atividade econômica se destaca como fonte potencial de vantagens competitivas. Assim, muitas vezes se pode falar na competitividade de uma cadeia como um todo frente a frentes com outras cadeias produtivas, tendo em vista que o resultado final (competitividade) irá depender de todos os elementos participantes. A visão dos atores das cadeias produtivas deve incorporar a perspectiva do consumidor nas decisões estratégicas. O comportamento do consumidor passa a ser um elemento vital para a elaboração de estratégias competitivas consistentes, na medida em que ele se torna cada vez mais exigente e seletivo no consumo de alimentos, com preocupações maiores em relação à saúde, praticidade, conveniência, produção ambientalmente limpa, etc. Por estar cada vez mais exposto a uma quantidade de informações que não consegue processar, o consumidor tende a ficar cada vez mais seletivo e exigente. Esse mecanismo de defesa, no caso dos alimentos, reflete-se na tendência de manter um mix de compras relativamente estável e procurar informações que julga confiáveis no processo de decisão de compra. Não é suficiente oferecer um produto adequado, é preciso oferecer informações que convençam e estimulem o consumidor a efetuar a compra. A dimensão da regulamentação por parte dos governos também exerce um papel cada vez mais ativo nas relações de produção e consumo de alimentos. O aumento das exigências com relação à segurança, padronização e saúde dos alimentos, usualmente impostas por sanções legais e governamentais, e que estão incorporadas ao conceito de qualidade alimentar, afetam as estratégias ao nível da empresa e da cadeia e impõem a necessidade de novas formas de coordenação entre os atores. Além disso, diversas empresas passaram a criar seus próprios mecanismos de certificação e avaliação da qualidade dos produtos que compram o que vem gerando uma nova dinâmica para as transações no sistema alimentar. O padrão “fordista” na produção de alimentos, que foi hegemônico durante grande parte do século passado, estabeleceu o domínio da oferta sobre a demanda, visando à eficiência na agricultura, primeiro e segundo processamentos como elemento chave de competição, o que permitiu produtos mais homogêneos, transacionáveis através de ciclos longos de comercialização. Com isso, grandes multinacionais passaram a dominar o cenário da produção e distribuição de alimentos em todo o mundo. Essa hegemonia passou a dar sinais de fraqueza na década de 70, com a estagnação da demanda e excesso de oferta, o que passou a levar a indústria de alimentos para o caminho da diferenciação em qualidade (embalagens, especificações de produto, serviços) que permitissem a agregação de valor e atendimento às necessidades dos consumidores. Esse movimento rumo à diferenciação se intensificou nas décadas de 80 e 90, principalmente com os males causados por resíduos de pesticidas, doenças relacionadas com o consumo excessivo de gordura, mal da vaca-louca e contaminações em massa, que elevaram a segurança alimentar ao topo das preocupações relativas ao consumo de alimentos. Novos produtos e cadeias agroalimentares surgiram e se desenvolveram como a produção orgânica e de produtos diet e light. Não se pode negar que a hegemonia do modelo “fordista” ainda persiste notadamente no terceiro mundo, mas o fato é que modelos alternativos ganham cada vez mais espaço. Além disso, mecanismos de gestão da qualidade passam a ser incorporados pelas cadeias dominantes, a fim de garantir sua superioridade. Assim sendo, observa-se que qualidade e coordenação estão na agenda do dia para do setor agroalimentar. O consumidor está cada dia mais exigente com relação a aspectos diversos, como segurança dos alimentos, informações nutricionais, procedência, processos de produção ambientalmente limpos e de mínimo impacto, praticidade, etc. Esses atributos demandam capacidade de diferenciação e coordenação das cadeias a fim de garantir as especificações desejadas. Novas técnicas de gestão da qualidade passam a ser utilizadas pelas indústrias, como a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), as Boas Práticas de Fabricação (BPF), além da gestão de qualidade total.

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